Retirado do site vice.com
O fedor depois de uma bufa particularmente escandalosa pode não ser constrangedor para todo mundo: algumas pessoas tratam flatulência anal com respeito e admiração. Um estudo de 2014 da Universidade de Exeter sugere que o sulfeto de hidrogênio – um composto encontrado nos peidos – pode proteger células humanas que tipicamente são danificadas por doenças como o câncer.
E, para um número pequeno de indivíduos, peidar não é só um
subproduto tabu da digestão humana – é o principal foco de suas vidas sexuais.
Fetiche por pum –
também conhecido como eproctofilia – envolve ficar sexualmente excitado por
flatulência anal. Como no caso de muitos outros fetiches, a excitação sexual
pode surgir de diferentes situações para membros diferentes da comunidade de
eproctofilia. Alguns ficam mais excitados peidando em seu parceiro sexual,
outros curtem o parceiro peidando neles. Muitos de nós têm acesso a cinco
sentidos, e todos eles podem ser disparados por um pum digno. Cheiros azedos,
inalações profundas, barulho alto – o repertório de preferências de todo mundo
é um pouco diferente. Mas a maioria dos membros da comunidade de eproctofilia
concorda em uma coisa: o fetiche deles não é a mesma coisa que coprofilia, e
eles brocham com a ideia de scat.
Mas como exatamente você desenvolve um fetiche por peidos?
Segundo a terapeuta sexual e de relacionamentos Sarah Berry, “peidos geralmente
são considerados engraçados, nojentos e/ou vergonhosos. Qualquer experiência
exacerbando essas reações pode levar à ascensão de peidar como uma preferência
sexual”. E isso claramente se reflete nas histórias de alguns indivíduos da
comunidade de eproctofilia.
Jason*, um
heterossexual de 22 anos dos EUA, lembra de suas primeiras fantasias de peido
aos seis anos de idade, quando ele se imaginava andando com o Pumba peidorrento
de O Rei Leão. Apesar de lembrar que
ficava obsessivamente divertido com flatulência, seus pais não curtiam tanto.
“Lembro que nem me deixavam usar a palavra 'peido' quando eu era pequeno, então
isso provavelmente fez a coisa ser mais tabu e proibida para mim.”
Ric*, um gay de 52 anos da Austrália, pode não ter tido as
mesmas restrições parentais de Jason, mas consegue rastrear seu fetiche até a
infância. “Quando eu era garoto, sempre tive uma admiração escondida por outros
meninos que peidavam 'em público', porque eles pareciam mais desinibidos,
confiantes e um pouco subversivos.” Ric lembra de querer ser mais corajoso.
Com a idade, e
quando ele começou a explorar e descobrir sua sexualidade, a confiança de Ric
cresceu e ele começou a tentar invocar reações em outros homens. “Um dia,
quando eu estava me sentindo meio chateado e queria chacoalhar as coisas,
soltei um peido alto na frente de outro homem no vestiário da universidade”,
diz Ric. “Aí comecei a fazer isso sempre. Às vezes meus peidos realmente
recebiam uma resposta positiva.”
Para Jason e Ric, essas primeiras experiências emocionais levaram a descobrir
que eles curtiam eproctofilia. Os dois lembram de ter ereções ou fantasias
masturbatórias inspiradas por peidos, o que levou eventualmente a ter a
flatulência como principal rota de excitação. Mas Jason, que se sente atraído
principalmente por peidos de mulheres, ainda não discutiu seu fetiche cara a
cara com ninguém, e consequentemente nunca teve um encontro do tipo na vida
real. “Entrei em alguns fóruns na internet e coisas assim, então tenho amigos
online que curtem isso”, ele explica. Fora esses bate-papos online, as
experiências de Jason com o fetiche são principalmente com vídeos online. “Eles
não contém sexo ou nudez”, conta. “Na maioria dos vídeos que assisto a modelo
está sozinha, completamente vestida ou com uma roupa sugestiva, como lingerie.”
Por outro lado, as experiências exibicionistas de Ric em
vestiários e saunas gays logo desabrocharam em ligações mais maduras. Ric, que
se interessa em compartilhar gases apenas com outros homens, passou a primeira
metade da vida adulta falando com homens em fóruns e grupos gays do Yahoo sobre
eproctofilia, além de sempre assistir e postar seus próprios vídeos no agora
defunto maleassrippers.com.
Mas só com 40 anos
Ric visitou um homem mais velho no exterior, com o propósito exclusivo de viver
sua fantasia. “Passamos 24 horas juntos, durante as quais peidamos na frente um
do outro em vários locais (por exemplo, num restaurante), peidamos nas mãos um
do outro e eventualmente na cara um do outro.” Desde aquele dia, Ric teve
vários encontros do tipo na vida real, mas a maioria restrita a sessões por
Skype com contatos em outros países.
Fabio*, um brasileiro hétero e casado de 37 anos, teve uma
experiência diferente. Não só ele tem interações rosto/bunda regularmente, mas
também é um heterossexual atraído exclusivamente por peidos de homens. Fabio
lembra de se excitar com os peidos dos amigos quando tinha cinco anos de idade.
Alguns anos depois, ele estava com um dos primos no apartamento dele em São
Paulo. “Estávamos assistindo TV e ele peidou na minha cara, tentando ser
engraçado”, relembra. “Ele não sabia que eu estava perto da bunda dele para
apreciar exatamente isso, e o peido dele realizou todos os meus sonhos.”
Apesar das origens,
orientações sexuais e experiências diferentes com eproctofilia, quando pergunto
a Jason, Ric e Fabio o que alimenta o fetiche deles, eles dão uma única
resposta: a intimidade de peidar. Jason vê isso em termos de como compartilhar
um peido pode subverter expectativas sociais: “Garotas tendem a não ser abertas
sobre esse tipo de coisa a menos que se sintam muito confortáveis com você.
Então acho que vejo isso como um sinal de afeição”.
Aceitação social também tem um papel na eproctofilia de
Fabio. Ele explica que tem um interesse específico em peidos de homens
bem-vestidos, além de mais bonitos e inteligentes que ele. Se um homem bonito e
inteligente concorda em peidar na cara dele “isso significa que ele gosta de
mim, que permite que eu o conheça profundamente, de um jeito que ninguém mais
conhece”, diz Fabio, “porque as pessoas normalmente não sabem o jeito como
alguém peida”. Ele me disse que, na visão dele, peidar humaniza o indivíduo.
Quando um homem que ele sente ser superior solta um pum nele, isso faz com que
ele se sinta no mesmo nível – algo que Fabio acha cerebralmente relaxante.
Inteligência e
intelecto também vêm em primeiro lugar para o fetiche de Ric. Ele relata como
foi inspirado por um colega de trabalho francês nos anos 90, que foi o primeiro
homem que verbalizou seu prazer em peidar para ele. Ric também descreve o
prazer de poder articular seus desejos para outro homem inteligente que entende
e os compartilha. Quanto ao ato em si: “Para mim, isso é uma intimidade
compartilhada, uma forma de liberação, e um reconhecimento das origens animais
básicas da pessoa”.
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